terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Seja seu melhor amigo!


Como qualquer gordo insatisfeito com o fardo de banha que ajudou a produzir, já fiz uso de uma tonelada de dietas para encontrar o peso que me deixasse mais confiante e bonitão. Tomei remédios pesados à base de substâncias como a sibutramina, troquei refeições por shakes sem graça, engoli sopa de aipo (ô troço horrível!), ingeri água morna pela manhã, passei a comer o minimamente necessário, cortei esse ou aquele alimento... Enfim, patinei sem rumo durante anos, sempre vencido pela gula e preso a muletas de vidro, mesmo sabendo o tempo todo que nunca existiu uma fórmula milagrosa para a conquista do peso saudável.

Todo gordo sabe, melhor do que ninguém, o que deve ou não deve comer se quiser perder peso. São anos de experiência, acumulados com conselhos médicos enfiados goela abaixo a cada consulta, programas de TV direcionados ao controle da obesidade ou literatura de variadas fontes, disponíveis em livros, revistas ou internet. Todo gordo, por mais burro que queira aparentar ser, sabe que lanches com dois ou três hambúrgueres acompanhados por fritas tamanho grande e um sorvetão de sobremesa não podem fazer bem. Tem noção, pelo menos noção, de que devorar um pacote de amendoins ou uma porção generosa de torresmo não é o melhor caminho para a felicidade.

Vejo a briga pela balança como uma doença tão grave quanto a dependência química. Basta o primeiro gole para desencadear um processo violento de entrega ao vício. No meu caso, o vício em questão passa bem longe da maconha, cocaína ou companhia ilimitada. É o vício pelas calorias, pelo acúmulo de peso extra, da satisfação de morder algo crocante e lambuzado de maionese.

Mas resolvi mudar de vida e parar de ferrar com meu corpo. Finalmente, decidi ser meu melhor amigo e dar uma senhora porrada nos salgadinhos e sanduíches apetitosos. Procurei uma nutricionista e desde 19 de dezembro de 2011 iniciei minha terceira tentativa de reeducação alimentar. E hoje, com orgulho e sem fazer uso de qualquer medicamento, posso dizer que estou há pouco mais de dois meses sem comer um lanche tamanho família ou ingerir uma gota de refrigerante. Eliminei 13 quilos, quero despachar mais uns 18 e descobri, por acaso, que mesmo em pouco tempo já deixei a condição de obeso para assumir o status de paciente com sobrepeso.

Exercícios? Caminho uma hora por dia, às vezes não encontro tempo ou vontade, mas estou me esforçando. Admiro quem curte malhar numa academia, mas encontrei nas caminhadas a forma mais adequada ao meu estilo de vida, que não aguenta mais ficar preso a compromissos, a horários, a novas contas a pagar. Não tenho pressa, tenho todo o tempo do mundo. Vou emagrecer com saúde, dentro do meu ritmo, e nunca mais irei engordar. Banha em excesso só serve para quem for enfrentar um inverno de rachar, como o Zé Colmeia e seus amigos ursos, por exemplo.

Sou um dependente de calorias, vou encarar uma longa caminhada pela frente, mas tenho certeza absoluta de que irei atingir minhas metas e vencer a cabeça de gordo. Um passo de cada vez, sem atropelos. Sou um cara inteligente e não serei derrotado por seres inanimados como o fast food bobalhão e seus comparsas engordativos. Eu quero, eu posso!

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